

Comissão de Organização
André Leal
Cecilia Mori
Ian Schuler
Lane Lopes
Lívia Flores
Mariana Paraizo
Renan Soares
Ronald Duarte



Arte ou desastre
É uma pergunta ou uma afirmação?
“Ou” propõe um limiar, uma escolha.
A dúvida é uma afirmação. Se o desastre é inevitável, então ele já aconteceu.
Estamos no olho do furacão.
A urgência é climática, ambiental, social, política, espiritual, econômica, psíquica,
mas também poética.
A imaginação na contramão do desastre. Assumir a catástrofe ao criar proposições.
Vamos plantar guapuruvus para colher canoas.
Estudos recentes prevêem a subida do nível do mar de 12 a 21 centímetros nos próximos 30 anos. Nesta progressão, a ilha do Fundão e áreas adjacentes como o Complexo da Maré, Ramos, Caju, partes da ilha do Governador, entre outras, seriam pouco a pouco retomadas pelo mar. O principal campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, instalado sobre o aterro de antigas ilhas, ficaria submerso. Terreno incerto este que vem em movimentações tectônicas temporais: onde era mar, vem terra; onde era terra, vem mar. Futuro e passado tecem memórias fantasmáticas que incidem sobre o presente.
Divinéia capital karioka caribenha. Viúvas negras sobrevivem a Napalm bomb. Ruínas novinhas em folhas aguardam o tempo da entropia boiando em açacus. Em 2016, a hashtag “Vem, meteoro!” foi considerada a expressão do ano, uma espécie de constatação alegre que sintetizava todos os desastres iminentes. Qual fim do mundo desejamos comemorar? Qual mundo está chegando ao fim?
Desastre é a palavra que elegemos para contornar aquilo que tem figurado de forma assombrosa no coletivo. Desastre não como um espasmo inconsciente, mas como um corpo que por inteiro toma consciência de si. Corpo recontornado para que, através de sua declaração, se revele a possibilidade de atuação. Se o tempo é a matéria que transforma plasma em carne, tomamos a imaginação como fonte de energia para fazer caber possibilidades maiores que o desastre, para fazer caber a contramão.
Arte ou desastre: movimento estratégico de sobrevivência; não-submissão a uma realidade incontornável; proposições de reinvenção da vida em confronto com as condições dadas.
Evocando poéticas da urgência, o grupo de pesquisa em arte Atotalidade, vinculado aos Programas de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV-EBA-UFRJ) e em Artes da Cena (PPGAC-ECO-UFRJ), propõe Arte ou Desastre como programa de ações, interlocuções e seminário de longo prazo a ser realizado de agosto de 2025 a setembro de 2026. O projeto conta com recursos CAPES PROEXT oriundos do Projeto de pesquisa e extensão na pós-graduação Desilha-Galpão e CAPES PROEX obtidos pelo Projeto de pesquisa em arte e cidade Desilha junto ao PPGAV-EBA-UFRJ.
Arte ou desastre deseja avivar diálogos entre a universidade e seu entorno, buscando impulsionar oportunidades de encontros com pessoas e comunidades da Ilha do Fundão e do entorno. Para isso, convida artistas e pesquisadores das artes visuais, das artes cênicas e de outras disciplinas a propor um debate sobre os impactos ambientais em curso por meio de intervenções, encontros, cursos e oficinas públicas, pensando o contexto da ilha a partir da convocação aos imaginários que ela evoca.
Ao final do ciclo de ações, as questões debatidas e os trabalhos gerados ao longo do processo ganharão registro em publicação digital na forma de livro/catálogo. A continuidade das falas, oficinas e intervenções ao longo dos meses do projeto tem por objetivo a formação de público e o estímulo aos processos de criação e trocas de experiências, tendo em vista que a constância das ações favorece a criação de vínculos com o local. Todas as atividades realizadas serão creditadas como atividades de extensão e pesquisa universitária pela UFRJ.
Rio de Janeiro, junho de 2025
Cecilia Mori, Ian Schuler, Lane Lopes, Livia Flores, Mariana Paraizo,
Pedro Oliveira, Renan Soares e Ronald Duarte
Grupo de pesquisa em arte Atotalidade
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